A mulher do comboio

Wednesday, October 08, 2008

Vazia existência

Sinto falta de fazer amor contigo...
Amor com letra maiúscula, feito gente grande!
Sexo carnal e amoroso, como nunca dantes realizado
Que há muito havíamos sonhado e desejado!

Pergunta aflito, meu coração:
Será que a vida nos concederá uma vez mais, mais uma vez?
Perdoe-me por expressar-me dessa forma sincera e direta,
É que é meu dever confessar o que sinto por ti

Deixemos a vida proporcionar - ou não - tais momentos...
...espero que ela proporcione!

Tuesday, August 26, 2008

Parente é serpente

Finalizada as Olimpíadas, um aspecto que me chamou a atenção foi em relação ao espírito coletivo (ou a falta dele) de alguns atletas brasileiros. As ótimas nadadoras Poliana Okimoto e Ana Marcela Cunha digladiaram – literalmente - na prova de natação aquática, em um erro de estratégia que ambas reconheceram, o que levou a vencedora da prova, a russa Larisa Ilchenko, a afirmar que “isso é natação, não boxe". As nadadoras britânicas, Karri-Anne Payne Cassandra Patten, prata e bronze, souberam usar o jogo de equipe e completaram o pódio.

Já na semifinal do vôlei de praia masculino, entre as duplas brasileiras Ricardo e Emanuel, favoritos à medalha de ouro, contra Fábio Luiz e Márcio, no último ponto da partida, que terminou sendo ganha pelos azarões, houve uma discussão mais acalorada que a quadra onde se disputou a partida. Ricardo reclamou que houve um toque no bloqueio de Fábio. A discussão se estendeu até na hora da entrevista coletiva, diante das câmeras. Será que Ricardo e Emanuel ficaram tristes com a derrota de Fábio Luiz e Márcio na final?
Essas situações podem até ser um paradoxo quando vemos que muitas medalhas da história olímpica do Brasil foram ganhas em esportes coletivos. Infelizmente, porém, sinto que não temos ainda uma cultura que valoriza o espírito coletivo; é mais “cada um por si”. A sociedade brasileira dá grande ênfase à derrota – “segundo e último lugar são as mesmas coisas” – e possui uma tremenda necessidade de encontrar bodes expiatórios, verdadeira caça às bruxas, quando as coisas dão errado.

Os meios de comunicação também têm sua parcela de culpa. Nós, profissionais da área, gostamos de mexer nas feridas (ou apenas damos o que os leitores / telespectadores querem?). Falamos insistentemente, por exemplo, que a ginasta Daiane do Santos ficou na 5º posição em Atenas, que as meninas do vôlei desperdiçaram há quatro anos não sei quantos match points contra a Rússia (o dedo na boca pedindo silêncio, das jogadoras Fabi e Mari após a conquista do ouro em Pequim, ilustra bem o que tiveram de ouvir durante esse período). No futebol, é o Maracanazzo de 50 pra lá, o Sarriá de 82 pra cá. Quem de primeira lembra o nome do estádio do último título mundial, em 2002? Infelizmente, os “Diegos Hypólitos” e “Jadéis Gregórios” desses Jogos vão ouvir muito até Londres-2012.

Sabe-se, seja qual for o motivo, que o ser humano possui atração pela tragédia, mas às vezes dá a impressão que nós, brasileiros, adoramos mais do que todos um drama. Não é à toa que as novelas fazem tanto sucesso por aqui: é só alguém ganhar uma medalha – ou deixar de ganhar – para que a câmera dê um close nos olhos marejados, e choramos junto com o vitorioso, ou com o perdedor.

Os profissionais dos meios de comunicação, sempre ávidos por encontrar erros alheios, devem também se questionar se fazem isso quando erram. Muitas Redações e os que nela trabalham têm uma grande dificuldade em reconhecer os erros e fazer as devidas correções. Talvez porque saibam a dor que é errar; assim, é mais fácil ser estilingue do que vidraça, apontar o dedo na ferida do outro e cutucar sem parar. Nas vezes em que errei – coisas até banais, como por exemplo um número de telefone ou um endereço trocado - a angústia de ver o erro impresso no jornal, sem a possibilidade de, naquele momento, fazer a devida correção, é para o jornalista como o tombo de um ginasta ou um set que não se consegue fechar. Pensemos nisso.




Sunday, June 01, 2008

A misteriosa segunda meia-noite

-Então tá, fica combinado assim. Por volta da meia-noite, em frente ao shopping. Beijos!
- Beijos!

Desta forma Maurício despediu-se de Ana, finalmente marcando o encontro que tanto ansiavam. Não era para menos: há cerca de um mês se falavam pela internet, onde se conheceram. Já era hora de se verem, para uma boa amizade, ou quem sabe, “algo mais”, eufemismo que homens – e algumas mulheres, por que não? – usam para definir sexo casual, sem maiores envolvimentos.
Desligou o computador e foi descansar um pouco, antes da hora esperada. “Afinal, a noite promete”, pensava um otimista Maurício. Não seria a primeira mulher com quem sairia através da net. Seu “modus operandi” era conhecido: uma conversa num barzinho, ao pé de ouvido, e jogaria todo o charme. Sem demonstrar qualquer interesse por sexo - quando na verdade, era essa a motivação que o fazia sair de casa para se encontrar com uma desconhecida!

Enquanto descansava o corpanzil no sofá, ouvindo músicas com o som baixinho, teve um sobressalto. Afinal, a qual meia-noite ela se referia? Sim, porque neste sábado haveria a troca do horário, os relógios deveriam ser atrasados em uma hora. Detalhe pequeno, mas que poderia fazer toda a diferença; afinal, se por acaso um deles chegasse na primeira ou na segunda meia-noite, como ficaria? O desencontro inicial poderia ser fatal nas suas pretensões, já que um cano na primeira vez pode desestimular o entusiasmo de ambos.

Ana escolheu esse horário porque trabalhava num shopping até às dez. Assim, fecharia o caixa e deixaria tudo pronto para o dia seguinte, com o tempo necessário para se arrumar, sabemos como são as mulheres. A intenção era ter uma noite agradável, o que não significa, no seu entender, sexo no primeiro encontro. Não que descartasse totalmente. Se o cara for bonito e interessante, que mal tem, pensava. Já havia passado dois meses do fim do seu último relacionamento, e ao contrário do que acreditam alguns homens e mulheres, todos hipócritas ou ingênuos, o fogo que consome as partes mais íntimas dos machos é o mesmo que faz arder as mesmas das fêmeas. A abstinência também cansa de esperar.

No entanto, Maurício mantinha sua inquietude em relação ao horário. E agora? Seria fácil de resolver se tivesse o número, mas ela mesma decidiu que não daria até que se conhecessem, “um pouco de mistério é bom”, costumava dizer. Ligou o computador e mandou um email, mas sabia que sua tentativa seria infrutífera, já que Ana iria do trabalho direto para o encontro.

O tempo ia passando e sua angústia aumentava. Bem, pensou, vou na primeira meia-noite. Se ela não aparecer, espero até a segunda, paciência. Ana só mostrou sua foto no primeiro dia, depois não quis mais. “Sou tímida”, dizia. Comentou que iria com uma calça jeans e uma blusinha azul. Não seria difícil identificá-la.

À primeira meia-noite (ou onze horas) lá estava ele no local combinado. Meia-noite, meia-noite e quinze, e nada. De repente, ouviu uma voz feminina:
- Oi, desculpe o atraso. Vamos beber algo? Tem um barzinho logo ali.
- Sim, claro - respondeu, um pouco assustado com a iniciativa de Ana.

Só a achou um pouco diferente da foto, da única vez que a viu. Não tinha ela os cabelos pretos? Essas luzes, o que são? Ah, de repente foi ao cabeleireiro, mudar o visual especialmente para o encontro. E essa blusinha verde? Bem, na correria pra se vestir, acabou confundindo. Ou talvez nem se lembre que disse que iria com blusinha azul. Mas o que isso, afinal, importa? De qualquer jeito, ela é bonita, e o papo através da msn sempre foi agradável. Qual o problema?

Ele estava certo. A conversa rolava solta e descontraída, só estranhava quando ela dizia, “Poxa, você não lembra?”, a respeito de fatos da vida que havia contado. Não, não se recordava, mas disfarçava dizendo que sim, as mulheres não gostam que um homem esqueça as coisas já ditas. Quando isso acontecia, ele tomava mais uma taça de vinho pra se animar, “vamos logo terminar com isso e ir para o que interessa”, pensava.

Cerca de uma hora depois, com os olhares maliciosos e os primeiros beijos já consumados, de repente ele olhou para a entrada do shopping. Fixou a visão e viu uma mulher, impaciente, a olhar o relógio. Novamente olhou, com mais atenção, e viu que ela tinha os cabelos pretos e usava uma calça jeans, com blusinha azul.

- Então, vamos sair daqui? – disse a mulher, mordiscando suavemente sua orelha.
Maurício não sabia o que fazer diante de tal mistério. Atônito, sua única reação foi se dirigir ao garçom:
- Por favor, traga uma segunda garrafa de vinho.
O garçom fez menção com a cabeça. E aproximando-se do ouvido de Maurício, disse baixinho:
- Mas o senhor já se decidiu com quem vai tomar?, disse, lançando um olhar enigmático sobre Maurício, enquanto se dirigia para pegar a garrafa...

Tuesday, July 24, 2007

UM DOMINGO DIFERENTE EM SÃO PAULO

Ronaldo Andrade,
de São Paulo

Alguém já disse que o domingo não é apenas mais um dia no calendário, mas sim um estado de espírito. Reunir a família, ir ao shopping, uma descida à praia, assistir à partida do time do coração. Nesse domingo, entretanto, um passeio diferente foi a opção de dezenas, de centenas, de milhares de paulistanos e de moradores de outras cidades e Estados. O endereço, todos no Brasil conheceram essa semana: Avenida Washington Luís. Ou simplesmente, Aeroporto de Congonhas.

O choque do Airbus-A320 da TAM no terminal de cargas da própria empresa produziu, além de duas centenas de vitimas e dor entre os familiares, compaixão por parte das pessoas. “Vim de Taboão da Serra para ver isso aqui, li que dois passageiros eram de lá”, conta a dona-de-casa Cleide da Silva. Mas você não as conhecia? “Não, mas quis vir assim mesmo, para ver a dimensão do acidente”. Talvez só mesmo a profundidade da tragédia pode explicar a enorme afluência de pessoas nessa tarde de sol e calor: é preciso ver com os próprios olhos a brutal realidade. Por mais que a TV, rádio, jornais, revistas e internet mostrem ao mundo o que acontece, nada é mais contundente do que ver, através do próprio olhar, o horror do prédio destroçado, sentir o cheiro de queimado que ainda se faz presente, suspender a respiração quando se ouve o ronco dos motores de mais uma aeronave deixando o solo do aeroporto, piso esse alvo de intensa polêmica (Grooving ou não grooving? Eis uma das muitas questões).

A localização de Congonhas, espremido entre o mar de prédios e que provoca intenso debate, parece não assustar a secretária pedagógica Áurea Soares. Moradora da região há 40 anos, não pensa em se mudar, pois “o local é privilegiado, tem tudo perto. Inclusive o aeroporto”. Ela esteve no local devido à tristeza que sentiu e por querer contribuir com as famílias atingidas a apaziguar a dor. “Estou rezando por elas”.

Quem também esteve no local, mas por motivos profissionais, foi o repórter Miguel Acuña, repórter do Canal 13, do Chile. Veio especialmente cobrir o acidente, pois inicialmente foi veiculada a informação de que um chileno estaria entre as vítimas, o que acabou sendo desmentido. E como chegou ao Brasil? Por avião? “Sim, mas desembarquei em Guarulhos, pela (companhia aérea) Lanchile”, revela.

Certa vez, alguém também já disse – com razão - que a dor maior fica destinada a quem fica. Mães, pais, filhos, filhas, parentes que buscam uma explicação para o ocorrido. Mas que nem sempre a encontram. Ter a certeza que o fim chega para todos talvez ajude a amenizar o sofrimento, mas não é o suficiente. Se o domingo foi de sol, a segunda-feira chuvosa que se abateu sobre São Paulo retrata fielmente o espírito dos familiares que aqui ficaram, à espera que a enxurrada leve embora o pranto e as lágrimas que escorrem de suas almas, feridas e tristes almas.

Monday, May 28, 2007

"Ah, não era pra ser..." Não mesmo?

Freqüentemente, quando alguma coisa não dá certo, ouço a expressão “não era pra ser”. Numa boa intenção de quem profere tal frase, as palavras soam como uma tentativa de consolo para a pessoa que não realizou o que desejava, que deixou escapar – como grãos de areia que escorrem pelos dedos – determinada oportunidade. Mas a dúvida, inquieta, me assalta: não era pra ser mesmo?
A tormenta é ainda maior se tal chance esteve bem ao alcance das mãos, bastaria um pulo e o desejo se realizaria. Mas por obra do destino ou não, a oportunidade se esvai e ficamos, perplexos, a olhar para o infinito da possibilidade perdida, tal qual o passageiro que perde um navio e permanece inerte no cais, a contemplar a embarcação partir deslizando no mar, com a seqüência de palavras a martelar o pensamento: “Era para eu estar lá. Por que não estou”?
Sensação de dúvida, impotência, respostas que não vêm, por mais que as busquemos. Se não era realmente pra ser, porque as situações se apresentaram como se fossem pra ser? Qual o mistério – tudo ia tão bem! – por que o castelo desmoronou, por que levar um gol aos 48 do segundo tempo? O Olimpo tão perto e, inesperadamente, tão distante ficou...
Acredito que pensar que um acontecimento já estava pré-determinado é ter consciência de nossa finita capacidade e, ao mesmo tempo, uma forma de retirarmos de cima dos ombros a responsabilidade de conduzir nossas vidas. Realmente, há situações que, por mais que refletimos, só mesmo o Sobrenatural de Almeida (personagem do Além criado por Nelson Rodrigues) pode explicar. Outras, no entanto, são resultados de nossa ação – ou inação. Posto de outra forma: se de fato desejamos algo, por que não fazer que aconteça? Se por exemplo, eu desejo alguém, por que não ir ao seu encontro e dizer com todas as letras o que sinto, que a amo? Dúvida, medo, insegurança? Às favas com tudo isso!
É mais fácil dizer que “não era pra ser”, se esconder por trás da frase, que lutar pelo que se quer. Sim, mais fácil e também mais cômodo. À noite, porém, nos minutos que antecedem o sono, em que pensamos em nossas vidas, a angústia não se cala, e a voz interior não sai da cabeça, repetindo incessantemente: “Vá, faça, lute...”
O que estamos esperando?

Saturday, May 19, 2007

Internet estimula jornalismo participativo*

Os sites analisados - Vc Repórter, do portal Terra, e Eu-repórter, do grupo Globo - dão ênfase às notícias relacionadas ao cotidiano das cidades, com formato hard news. São divididos em editorias, com destaque para casos policiais, acidentes de trânsito, acontecimentos que acabaram de ocorrer, dando agilidade aos sites, característico da internet. Antes de serem publicadas, as matérias e fotos são submetidas ao crivo de um editor. São sempre de caráter noticioso, não opinativo. Os sites possuem pouca ou quase nenhuma publicidade, o que pode indicar uma tentativa de escapar da influência que têm os anunciantes. Uma das características das matérias veiculadas é o viés das notícias, que sempre dão destaques aos temas de tragédias, reforçando a imagem crítica (mas necessária) que o Jornalismo possui. O que podemos observar é que esse tipo de Jornalismo tende a crescer, porque as pessoas estão cada vez mais querendo reportar os acontecimentos sob uma ótica própria ou diferente dos grandes veículos, o que antigamente não seria possível. O substancial aumento de blogs reforçam essa tendência. Não somente a população em geral, mas também os estudantes de Comunicação podem usufruir dessa ferramenta, expondo suas habilidades e dando visibilidade ao seu potencial, o que pode ajudá-lo a obter um emprego no concorrido mercado de trabalho. As outras mídias (impresso, rádio, TV), também possibilitam a participação do leitor. Entretanto, a internet se credencia como o meio mais adequado ao Jornalismo participativo, pois sua agilidade, alcance e forma de acesso dão força a esse movimento.
* Texto elaborado com Érika Pereira

Thursday, March 08, 2007

Mulher

Mulher, simplesmente mulher
Mãe, esposa, filha
És tudo o que um homem quer
Dedicada, companheira
Sensível, uma guerreira
Simples palavras não podem descrevê-la, desvendá-la
Mas desejo que elas possam te tocar, te beijar...
Te amar, mulher!

Que o reconhecimento ao valor feminino não se restrinja somente a um dia, a um mês, a um ano.
Mas sim por toda a vida!